segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Conheça um pouco mais da Compulsão Alimentar


Comer demais em determinados momentos do dia várias vezes por semana, pode causar no próprio indivíduo uma sensação de descontrole. Existem alguns critérios na DSMIV (compêndio de psiquiatria) que determina quando o  evento é tão intenso chegando a comprometer a qualidade de vida, como todas as situações que não temos controle. 

Pessoas com tal transtorno, relatam não se darem conta “do que ingerem” a qualidade, o sabor, a textura- para elas- pouco importam, e sim a necessidade de “colocar para dentro” tudo que encontrar pela frente e satisfazer uma necessidade que parece não ter fim.

É importante deixar claro que a maioria de nós exagera em determinados momentos. Mas isso não faz de todos nós comedores compulsivos, pois quem o é sabe a extensão, o descontrole e o sofrimento que vive. Alguns indivíduos buscam atitudes compensatórias: após um “evento de comer em excesso” fazer muita atividade física, ou ficar em jejum por um dia...tais atitudes teriam um caráter bulímico, e podem permear este universo. Embora o mais comum seja a evolução para a obesidade. Há anos fiz um trabalho sobre este tema, e pude ter acesso a diversos relatos e em muitos deles o sentimento que vinha acompanhando era de fracasso e medo de repetir tais eventos. Normamente utilizamos critérios e questionários para auxiliar na consulta, embora o relato e a história que  o paciente traz seja sempre o principal.

O mais importante na compulsão alimentar é o trabalho multi disciplinar o atendimento psicológico auxilia em muito na conduta nutricional. Solidão, tristeza, depressão, medo, ansiedade, raiva...são alguns dos sentimentos que podem interferir na atenção e no prazer no momento de se alimentar.

Nutrir o paciente é o primeiro passo para o sucesso do tratamento, muitas pessoas com este transtorno  costumam se alimentar pouco nas refeições principais e muitos não tem o hábito de fazer um bom café da manhã, desta forma, no final do dia o organismo (mal nutrido) irá solicitar todo tipo de ingestão (para cobrir a carência que vem se instalando)é o que chamamos de fome oculta.

Trabalhar com alimentos que estimulem a liberação de neurotransmissores como a serotonina e com alimentos fonte de  triptofano costuma trazer bons resultados por trazerem um sensação de bem estar e relaxamento. Estipular horários para as refeições e o consumo de pequenos lanches saudáveis (evitando jejum), também é essencial. Algumas vitaminas e minerais devem ser dosadas no sangue, para serem equilibradas em caso de deficiência.Neste contexto deixar o intestino saudável é muito importante para auxiliar na absorção dos micronutrientes e na liberação das toxinas , a utilização de prebióticos (alimento para bactérias “boas” : fibras como a inulina) e probióticos (pool de lactobacillus: acidophillus, bulgáricos...)  em muitos casos será necessária!

O sono é fundamental  para quem precisa regular o metabolismo, muitos pacientes relatam acordar no meio da noite para "assaltar a geladeira", buscar estratégias para que o sono não seja interrompido e para que este seja satisfatório deve fazer parte da conduta nutricional.

Aos poucos podemos ver que o organismo vai se equilibrando, o consumo de alimentos menos inflamatórios (frutas, verduras, peixe, alimentos integrais e fontes de Ômega 3) vão auxiliando para a redução da retenção hídrica e peso. E assim a compulsão alimentar vai reduzindo gradativamente. É muito comum e desejável que a pessoa encontre outros  prazeres e introduza em sua rotina atividades principalmente nos horários mais críticos de compulsão.

Muito pouco adiantaria neste caso uma dieta simplesmente restritiva em termos calóricos!Normalmente estes pacientes relatam terem passados em diversos momentos da vida por dietas super restritivas buscando apenas reduzir a obesidade .

Pense nisso: organismo bem nutrido e equilibrado não precisa reter gordura!

Autora: Bianca Innocencio

Nenhum comentário:

Postar um comentário