Comer demais em
determinados momentos do dia várias vezes por semana, pode causar no próprio
indivíduo uma sensação de descontrole. Existem alguns critérios na DSMIV
(compêndio de psiquiatria) que determina quando o evento é tão intenso chegando a comprometer a qualidade de vida,
como todas as situações que não temos controle.
Pessoas
com tal transtorno, relatam não se darem conta “do que ingerem” a qualidade, o
sabor, a textura- para elas- pouco importam, e sim a necessidade de
“colocar para dentro” tudo que encontrar pela frente e satisfazer uma
necessidade que parece não ter fim.
É
importante deixar claro que a maioria de nós exagera em determinados momentos.
Mas isso não faz de todos nós comedores compulsivos, pois quem o é sabe a
extensão, o descontrole e o sofrimento que vive. Alguns indivíduos buscam
atitudes compensatórias: após um “evento de comer em excesso” fazer muita
atividade física, ou ficar em jejum por um dia...tais atitudes teriam um
caráter bulímico, e podem permear este universo. Embora o mais comum seja a
evolução para a obesidade. Há anos fiz um trabalho sobre este tema, e pude ter
acesso a diversos relatos e em muitos deles o sentimento que vinha acompanhando
era de fracasso e medo de repetir tais eventos. Normamente utilizamos
critérios e questionários para auxiliar na consulta, embora o relato e a
história que o paciente traz seja sempre o principal.
O mais importante na
compulsão alimentar é o trabalho multi disciplinar o atendimento psicológico
auxilia em muito na conduta nutricional. Solidão, tristeza, depressão, medo,
ansiedade, raiva...são alguns dos sentimentos que podem interferir na atenção e
no prazer no momento de se alimentar.
Nutrir o
paciente é o primeiro passo para o sucesso do tratamento, muitas pessoas com
este transtorno costumam se alimentar pouco nas refeições principais
e muitos não tem o hábito de fazer um bom café da manhã, desta forma, no final
do dia o organismo (mal nutrido) irá solicitar todo tipo de ingestão (para
cobrir a carência que vem se instalando)é o que chamamos de fome oculta.
Trabalhar
com alimentos que estimulem a liberação de neurotransmissores como a serotonina
e com alimentos fonte de triptofano costuma trazer bons resultados
por trazerem um sensação de bem estar e relaxamento. Estipular horários para as
refeições e o consumo de pequenos lanches saudáveis (evitando jejum), também é
essencial. Algumas vitaminas e minerais devem ser dosadas no sangue, para serem
equilibradas em caso de deficiência.Neste contexto deixar o intestino saudável
é muito importante para auxiliar na absorção dos micronutrientes e na liberação
das toxinas , a utilização de prebióticos (alimento para bactérias “boas” :
fibras como a inulina) e probióticos (pool de lactobacillus: acidophillus,
bulgáricos...) em muitos casos será necessária!
O sono é
fundamental para quem precisa regular o metabolismo, muitos pacientes
relatam acordar no meio da noite para "assaltar a geladeira", buscar
estratégias para que o sono não seja interrompido e para que este seja
satisfatório deve fazer parte da conduta nutricional.
Aos poucos
podemos ver que o organismo vai se equilibrando, o consumo de alimentos menos
inflamatórios (frutas, verduras, peixe, alimentos
integrais e fontes de Ômega 3) vão auxiliando para a redução da
retenção hídrica e peso. E assim a compulsão alimentar vai reduzindo
gradativamente. É muito comum e desejável que a pessoa encontre outros prazeres
e introduza em sua rotina atividades principalmente nos horários mais críticos
de compulsão.
Muito
pouco adiantaria neste caso uma dieta simplesmente restritiva em termos
calóricos!Normalmente estes pacientes relatam terem passados em diversos
momentos da vida por dietas super restritivas buscando apenas reduzir a
obesidade .
Pense
nisso: organismo bem nutrido e equilibrado não precisa reter gordura!
Autora: Bianca Innocencio
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